O som da cidade também é inovação

Em Salvador, a inovação acontece no ritmo dos atabaques (coisa linda a percussão baiana), se move com o corpo gingado da capoeira e se revela na arquitetura viva dos bairros que contam histórias de resistência e reinvenção.

Primeiro lugar que escolhi para visitar foi a Cidade da Música da Bahia, passei tabém pelas ruelas do Pelourinho, vi gente do mundo todo circular por aqui, subi o Elevador Lacerda, vi o pôr do sol na varanda do Mercado Modelo e assistir uma apresentação do Balé Folclórico da Bahia, uma mistura de dança, teatro e muita percussão, que é muito mais do que um mergulho na cultura: o Panteão dos Orixás, a Puxada de Rede, o Maculelê, a Capoeira, o Samba de Roda promovem um encontro com as raízes de um ecossistema de inovação intensamente conectado ao seu território.

Cidade da Música da Bahia no centro histórico

A Unesco reconheceu Salvador como a Capital da Música do Brasil — e não é à toa. A cidade é berço de movimentos que transformaram a música brasileira e influenciaram gerações no mundo todo. Mas por trás dessa efervescência cultural, existe um tecido social e criativo que sustenta uma lógica de inovação popular e ancestral.

Os bairros como Candeal, Cabula, Federação, Tororó, Canela, São Gonçalo do Retiro e tantos outros citados no museu não são apenas territórios geográficos — são verdadeiros laboratórios vivos de criação, onde a música, a dança, o saber e a resistência se entrelaçam. E no Museu, é o povo quem conta essa história!

Balé Folcórico da Bahia no Teatro Miguel Santana

Memória coletiva, saber ancestral, potência criativa

E o que isso tem a ver com a inovação?

Tu-do.

Inovar não é apenas desenvolver novas tecnologias — é, acima de tudo, ressignificar, conectar, reconhecer a potência de cada lugar transformar realidades. E isso Salvador faz como poucas cidades no mundo.

A cidade é um exemplo de como a cultura pode ser o solo favorável para o florescimento de novas ideias, negócios criativos, tecnologias sociais e movimentos de impacto.

Quando falamos em ecossistemas de inovação, muitas vezes pensamos em startups, universidades, grandes empresas e investimentos. Mas esquecemos que, antes de tudo isso, existe o chão.

Existe o lugar, as pessoas, os afetos, as histórias que moldam o jeito como uma cidade inova. Em Salvador, esse chão tem música, tem gente que conversa sorrindo, tem axé, tem capoeira, tem terreiro.

E é justamente essa força cultural que torna esse ecossistema tão peculiar e potente. Cada ecossistema traz em si a sua IDENTIDADE.

A ancestralidade, longe de ser algo do passado, é aqui uma tecnologia de futuro. Uma forma de viver, aprender, criar e empreender a partir das sabedorias que resistiram ao tempo.

Na economia criativa, não se produz apenas produto — se produz sentido, a partir da identidade, do DNA, da essência de um lugar.

E sentido é tudo o que encontrei aqui em Salvador 🙂

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